Lady in My Life
É 30 de outubro de 2009, a Noite do Diabo no Canadá. Em tributo a Michael Jackson, acontecem uma festa e uma apresentação faixa a faixa de Thriller no Great Hall de toronto. A cantora neo soul Ivana Santilli, convidada pelos organizadores para apresentar "Lady in My Life", de repente se ver se esfregando no pedestal do microfone enquanto canta. "Eu não tinha idéia de que isso ia acontecer. Mas aquela música exige muita paixão", recordou ela algumas semanas depois.Ivana, integrante do mundo de R&B surpreendentemente movimentado de Toronto e sempre atuante desde a sua estréia grandiosa em 1999, Brown, ficou imediatamente intimidada com a idéia de cantar "Lady in My Life". "Essa música exige de você um nível muito bom", diz ela. "Rod Temperton conseguiu fazer muitas mudanças harmônicas, ao mesmo tempo mantendo a força da melodia.
Os versos iniciais, de "There´ll be no darkness tonight / lady our love will shine´, é o único instante em que essa melodia surge na música. Nunca se repete. No lugar dela há duas outras linhas melódicas."
O segundo e o terceiro versos apresentam a mesma melodia etérea, enquanto a passagem tem uma vibração muito diferente, mais pesada, assim como o refrão em que Michael improvisa sobre aquela vamp excitante.
Em dado momento do terço final da canção, em que Michael canta "Stay with me / I want you to stay with me" e começa a brincar, Santilli acaba no chão cantando e se contorcendo. Rindo pelo telefone, em Toronto, ela sugere que o espírito de Michael deve ter passado através dela. Para Ivana, que cresceu em Toronto ouvindo o álbum, cantar Michael Jackson ao vivo significa que é preciso se entregar seriamente, em voz e no palco. Naquela noite Ivana vestiu um traje ao estilo Thriller - terno branco, camisa preta, lenço de oncinha no bolso e, com um belo toque retrô a mais, um corte de cabelo que fazia referência a Ola Ray no famoso videoclipe de "Thriller".
"Lady" é a última canção do álbum, mas não está lá por acaso. Originalmente encomendada por Quincy a Temperton como uma possível canção para Frank Sinatra, ela tem as melodias traiçoeiras e a estrutura de acordes que chamaram a atenção de Quincy para as composições do inglês. Talvez em função de como foi composta, "Lady" não é uma música que tenha atraído os programadores de rádio após a morte de Michael Jackson. Talvez seja uma faixa de cantor do que de fã.
Por mais desafiador que Ivana tenha achado interpretar "Lady" em 2009, o próprio Michael teve dificuldade em dominá-la na gravação original, de 1983. Em Moon Walk Michael escreveu que "foi uma das faixas mais difíceis de gravar. Costumávamos fazer muitas tomadas para deixar o vocal o mais perfeito possível, mas Quincy não estava satisfeito com o meu trabalho nessa música, mesmo após fazermos literalmente dezenas de tomadas. Ele finalmente me chamou de lado no final de uma sessão e disse que queria que eu implorasse. Foi o que ele disse. Ele queria que eu voltasse ao estúdio e literalmente implorasse por isso."
"Isso", no caso, significava sexo. Para Michael, que crescera vendo cantores de Soul implorando no palco, era uma questão de usar esse conhecimento. De volta ao estúdio de Westlake, Michael mandou apagar as luzes e fechar as cortinas entre o estúdio e a sala de controle. "Q tocou a fita e eu implorei", escreveu ele. "O resultado é o que você vê nos sulcos."
A provocação de Quincy resultou em uma interpretação de precisão técnica e sensualidade.
Assim, "Lady in My Life" fecha Thriller com uma canção que reflete a visão de Quincy, a habilidade de Temperton e os enormes dotes vocais de Michael. Thriller, o long-play, termina com Michael em um ritmo relaxado. A gravação havia acabado, mas a história estava longe disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário