DR. PATRICK TREACY (02)

Millie e Gavin Murray com sua mãe Sheila

'Michael queria entrar no hospital e nós discutimos isso longamente.'

"Gavin Murray, com 5 anos de idade e sua irmã Filomena Millie Murray, com 7, ficaram com cicatrizes para toda a sua vida após a explosão de uma bomba de gasolina lançada contra seu carro, enquanto eles estavam sentados no banco de trás do veículo de sua mãe em Pineview Gardens, Moyross, Limerick em 10 de setembro de 2006.



As crianças tinham ferimentos horríveis e viveram dores insuportáveis após o ataque. Essa foi a extensão dos ferimentos: Gavin teve a sua orelha direita derretida depois que ele foi retirado do carro em chamas. Ele sofreu queimaduras em 25% do corpo: no rosto, costas, cabeça e mãos e precisava ser sedado em cada troca de atadura.

Millie teve 30% do seu corpo afetado: o seu rosto, braço direito, coxa direita e região lombar. Seus ferimentos foram reconstruídos com a pele retirada das costas e pernas. Ambas as crianças têm de usar roupas de proteção e continuar a receber o tratamento diário de seus ferimentos.

As pessoas diziam: "as crianças foram transformadas em bolas de fogo humana."

Sheila Murray tirou Millie do inferno, enquanto Gavin foi resgatado por vizinhos, incluindo Robert Sheehan. As crianças foram levadas às pressas para o Hospital Regional do Centro-Oeste antes de serem transferidas  para o Crumlin Childrens' Hospital. Em anúncio oficial Dr. David Orr (cirurgião plástico) disse que as crianças sofreram queimaduras e teriam desfiguração grave permanente.

A mãe disse: 'Quando eles estavam saindo de sedação, eles estavam com dores terríveis, mas eu tinha que estar lá para apoiá-los. Na maioria das vezes eu tive que sair da sala porque eu não aguentava mais assistir. Eles vão ter cicatrizes físicas para o resto de suas vidas. eu tenho que sentar-me na maioria das noites com Gavin quando ele tem pesadelos. Estão ambos com medo de dormir sozinhos, então dormem comigo.'

Michael queria entrar no hospital e nós discutimos isso longamente. Eu pensei que era uma má idéia, como a mídia não sabia onde ele estava, seria expô-lo á sua hostilidade e poderia ser interpretado de forma errada por vê-lo entrar em um hospital pediátrico, logo após a acusação de pedofilia. Ele queria que eu fosse com ele e eu disse que iria entrar sozinho e ver como as crianças estavam, visto que eu estava acostumado em trabalhar como médico no hospital.

Ele continuamente me perguntava: 'Eles estavam sentindo dor?' 'Seria dado morfina?' 'O quanto eles estavam queimados?' 'Você vai entrar e vê-los para mim?' 'Teriam cicatrizes?' 'Tinham condições financeiras?' 'Por que não poderia ir vê-los?'

Seguia-se o seguinte diálogo:

- Por que você diz essas coisas Patrick, que eu não posso vê-los? Você não acredita que eu nunca iria prejudicar as crianças?

- Michael, eu sei que você jamais prejudicaria uma criança!

- Então, por que você não me deixar ir ao hospital?

- Porque a sua inocência vai te colocar em problemas!

- Que inocência?

- Você sabe, a sua incapacidade de ver o que a mídia iria faria com isso é a razão de você estar em apuros, em primeiro lugar!

- Você acha que eu prejudicaria uma criança?

- Não!

- Você quer dizer que do fundo do seu coração!

- Michael, eu acho que você é como um Jesus Cristo moderno!

- Se Jesus estivesse aqui agora, você o deteria?

Eu pensei por um minuto e honestamente disse "Não!"

Então ele disse: "Você nunca se encontrou com Jesus e você não o conhece como uma pessoa, mas você ficaria com ele. Você diz que me conhece e você não vai! Isso é hipocrisia!

Eu disse: "Michael você está certo!"

Eu ainda sentia que ele não deveria ir ao hospital e devo dizer que ME ARREPENDO ATÉ HOJE POR ISTO. As crianças mantiveram contato comigo desde então, através de outra pessoa e disseram que um dos maiores momentos da sua vida foi o fato de que Michael pensava neles.'

by Patrick Treacy (médico irlandês)

Para ler a história dessas crianças com mais detalhes, clique aqui
Fonte: http://www.reflectionsonthedance.com/InterviewwithPatrick-Treacy.html/cartasparamichael